FAMÍLIA BRAGGION
O começo
De
meus bisavós BRAGGION, pais de minha nonna paterna, eu só conhecia os
nomes: Francesco Braggion e Antonia Manfré. Comecei procurando pos certidões de
óbitos e só encontrei a de Antonia, a qual me permitiu conhecer a data de
falecimento. Depois, no cemitério de Piracicaba, tentei localizar o túmulo de
Antonia: existia o registro de sepultamento e o encarregado passou-me os
números de rua e de quadra, mas já me advertiu que o túmulo não existia mais!
Naquele tempo, as pessoas em geral não adquiriam o terreno e logo outros eram
sepultados no lugar. Mesmo assim, fui ao local indicado e fiquei imaginando
onde estariam os restos daquela pessoa tão próxima a mim e ao mesmo tempo
completamente desconhecida. Nem foto, descrição física, nem uma sepultura. Mais
tarde também encontrei o a data de sepultamento de Francesco.
Descobertas
vista de Battaglia Terme, PD.
Francesco
Giovanni Braggion, meu bisavô, nasceu na comune de Piove di Sacco, província de
Pádua (PD), por volta de 1847, filho de Pietro Braggion e Angela Bado. Outra
filha, Maria Braggion, nasceria em Bovolenta, PD, em 1857. A próxima pista foi
o registro de casamento de Francesco e Antonia em 1 de abril de 1873 na comune
de Battaglia Terme, a qual cita de os pais de Francesco já eram falecidos.
A
família Manfre era mais antiga em Battagllia Terme. Antonia Manfre nasceu por
volta de 1850, filha de Giuseppe Manfre (1812-1873) e Maria Marzenta. Os pais
de Giuseppe eram Domenico Manfre e Margherita Nibale e os pais de Margherita
eram Bortolo Nibale e Maddalena Piva.
Francesco
era pizzagnolo, ou seja, comerciante de frios, queijos, presuntos e salames. Na
comune de Battaglia Terme nasceram os primeiros filhos: Armando, Pietro e
Ferdinando. Depois, entre 1878 e 1884, nasceram: Giacintho, Angela, Tereza e
Stefano, que morreram muito novos.
Minha
nonna Caterina Giuseppina Braggion nasceu em 7 de junho de 1886 e, nessa
altura, a família morava numa localidade (frazione) chamada Volta Brusegana, na
comune de Padova,.
Livro de registro de nascimento de Caterina
Giuspeeina Braggion com a assinatura de seu pai Francesco
A viagem para o Brasil
Em
15 de agosto de 1891 a família de Francesco Braggion chegou a Santos pelo vapor
Giava, vapor de 2713 toneladas, 102 m de comprimento, 11 m de largura, uma
chaminé, dois mastros, casco de ferro, velocidade 11 nós, acomodação para 1a,
2a classes e 1.000 passageiros
de 3a classe. Lançado ao mar por A. Leslie & Co,
Hebburn-on-Tyne, Inglaterra, em Setembro de 1881 para a Navigazione Generale
Italiana, Itália, fez sua primeira viagem Genova-Montevidéu-Valparaiso em
Dezembro de 1885. Em 27 de Fevereiro de 1916 naufragou em viagem entre Siracusa
e Alexandria.
Não
foi encontrada uma foto mostrando o Giava por inteiro, mas a companhia que o
fabricou produziu muitos vapores similares em tamanho e características, como o
ANTENOR, cuja foto dá uma idéia de como seria o GIAVA.
As fotos abaixo são do navio Giava durante
uma viagem a China em 1900-1901, obtidas em http://associazioni.monet.modena.it/messerot/ilviaggio.htm
)
Conforme
se lê no livro 28, página 068, da Hospedaria dos Imigrantes em São Paulo a
família Braggion era composta por: Francisco Braggion, 44 anos, meu
bisavô; Antonia Manfré, 42, sua esposa. e os filhos que sobreviveram: Armando,
16; Pietro,
15; Ferdin
(Ferdinando), 13; Catherina, 5 (minha avó paterna); Guglielmo; 3; Ângela,
1 ano. Esta última é a segunda com esse nome e a insistência seria uma homenagem a avó paterna. Ela deve ter
falecido logo após a chegada, pois não se conhecia sua existência na família.
No Brasil
Do
porto de Santos, a família Braggion veio até a cidade de São Paulo para a
Hospedaria dos Imigrantes e dali, por via férrea, passaram por Jundiaí,
Indaiatuba, Piracicaba, provavelmente chegando à estação de Charqueada como
ponto final. Dali em diante, o meio de transporte seria carro de boi.
Menciona-se
a chegada de imigrantes italianos para trabalharem na região de São Pedro entre
1890 e 1894. Existem registros de famílias de imigrantes com destino a Charqueada,
para trabalhar na Fazenda São Pedro, entre Piracicaba e São Pedro, pertencente
à família Teixeira de Barros.
Os
Braggion parecem ter sido alocados na região de Santa Maria da Serra,
provavelmente em fazenda de café. Segundo se sabe, a adaptação da família às atividades
rurais foi difícil, não devem ter permanecido por muito tempo na região de São
Pedro e provavelmente no início dos anos 1900 mudaram para Piracicaba.
Catharina
Giuseppina Braggion se casou com Luciano Rodella em 20 de Setembro de 1906, na matriz
de Santo Antonio, em Piracicaba, SP. Tiveram sete filhos, entre eles meu pai
Angelo Rodella.
Francesco
Braggion, foi sepultado em Piracicaba em 2 de Agosto de 1910. Não encontrei o
seu atestado de óbito em Piracicaba mas dificilmente teria falecido em outro
local. Antonia Manfré faleceu em Piracicaba, provavelmente na casa da filha e
minha nona Caterina na olaria dos Rodella no Bairro Verde, em 16 de Novembro de
1921, com 73 anos, declarados no atestado de óbito.
Minha
nona Catherina Giuseppina Braggion, faleceu em Piracicaba, SP, em 20 de Junho
de 1963.
Um
neto de Francesco, filho de Armando Braggion, se tornou frade capuchinho. Seu
nome era Miguel Braggion, mas era conhecido como Frei Estevão de Piracicaba.
Fez grandes obras assistenciais e era muito querido. Tornou-se nome de rua em
Piracicaba. Foi ele quem oficiou o casamento de meu pai e minha mãe.
Frei Estevão de
Piracicaba (1912-1967)