AS HISTÓRIAS

 

PERSISTÊNCIA E LANCES DE SORTE

Sempre tive interesse a respeito de meus ancestrais, mas pouca informação concreta existia, a não ser os nomes de Vicenza e Pádua como locais de origem do nono e da nona, respectivamente. Sobre o ramo português, do lado meu materno, nenhuma informação. Meu bisavô português dizia ser proveniente “das Ilhas”, o que era absolutamente nada. Aprendi, porém, que em pesquisa genealógica temos que fazer contato com parentes com que não conhecemos e não conversamos há tempos e começar a perguntar. Uma prima lembrou-se que outro primo disse algo sobre São Miguel. Não foi dificil descobrir ser o nome de uma das ilhas do arquipélago dos Açores e então “ter vindo das Ilhas” já começava a fazer sentido.

Vasculhei todos os documentos possíveis encontráveis no Brasil: certidões de casamento e óbitos, tanto no âmbito civil como religioso. Uma certidão de óbito dizia que meu bisavô era proveniente do Minho, o que contradizia ele ser “das ilhas”, mas foi na certidão de casamento que apareceu o nome Fajam de Baixo. Nova busca na Internet e ainda nada. Mais um pouco de paciência foi necessário para descobrir que a grafia estava incorreta: o certo era Fajã de Baixo.

No centro de história da família da Igreja dos Santos dos Últimos Dias em Piracicaba, consultei microfilmes de registros de cartórios e igrejas do Brasil Itália e Portugal. Nos arquivos da Igreja de N. Sa. dos Anjos, da Freguesia de Fajã de Baixo, na Ilha de São Miguel. encontrei registros de batismo, casamento e morte dos Couto até o início de 1700.

A letra floreada, o português arcaico, italiano e até latim eram difíceis de decifrar em páginas borradas, descoradas ou simplesmente despedaçadas, mas nada me desanimava. Nomes foram surgindo em cascata, bem como novas dificuldades. Sim, é verdade! Por incrível que possa parecer, quase todo português se chama Manoel e muitas portuguesas são Maria. Entre os italianos, Antonios, Giuseppes, Francescos e Marias se repetem incrivelmente e, somente quando nos registros apareciam os nomes dos pais e dos avós, algumas confusões eram eliminadas.

 

OS IMIGRANTES ITALIANOS DA FAMÍLIA

Na última década do século XIX entraram no Brasil 1.129.315 imigrantes, 60% dos quais eram de origem italiana. Como termo de comparação, confiando nos números disponíveis de população recenseada, naquele mesmo período a população brasileira aumentou em 2.984.641 habitantes. No ano de 1891 ocorreu a maior entrada de estrangeiros, num total de 216.760 pessoas. Desse total, 132.326 eram italianos, sendo que 108.688 deles vieram para o Estado de São Paulo.

 

DE ONDE VIERAM OS MEUS ITALIANOS ?

As regiões da Itália são divididas em províncias. O Vêneto, por exemplo, compreende as regiões: Belluno, Rovigo, Vicenza, Pádua, Treviso, Verona e Veneza. Estas regiões, por sua vez, em cidades ou comunes, que se multiplicam em número inacreditável. O nome da província coincide com a de sua principal comune.

 


 

Dos 5.257.830 italianos que emigraram entre 1876 e 1900, saíram 940.711 da região do Veneto.

É impressionante observar como meus antepassados italianos viviam tão próximos entre si, em comunes da região do Veneto e Lombardia. Uma linha reta de 150 km uniria todas elas. Entre julho e dezembro de 1886, todos meus bisavós italianos e meus avós paternos estavam vivendo nessa região, a poucos quilômetros uns dos outros, nas províncias de Mântua, Vicenza, Pádua e Treviso

 

 


Tão perto estavam lá, como depois estariam aqui

 

         Quando decidiram emigrar, devem ter se desfeito dos poucos pertences e viajaram de trem até o porto de Genova, um percurso que podia demorar até um dia. De Vicenza a Genova, passando por Verona, Brescia, Milão, são cerca de 330 km, percorridos pelos trens vagarosos da época.

 


 


Provável percurso de trem Vicenza até Genova

 


 


Embarque de imigrantes no porto de Genova

 

         Após a saída do porto de Genova os vapores talvez fizessem a rota: Nápoles, Palermo, Las Palmas nas Ilhas Canárias e por fim América do Sul. Assim, para quem nunca saiu de uma pequena comune no Veneto, essa viagem deveria representar uma aventura e tanto.

 

         Chegando ao Brasil

         E também no Brasil os imigrantes italianos e portugueses se instalaram muito próximos entre si em diferentes cidades do Estado de São Paulo.

 

 


 


 

 


Tão logo chegavam ao porto de Santos, os imigrantes viajavam de trem até a Estação da Hospedaria de Imigrantes, na cidade se São Paulo. Quando isso não era possível, passavam uma noite na desconfortável hospedaria situada na cidade de Santos. O percurso até São Paulo era feito pela companhia São Paulo Railway. Com fotos do final do século XIX, disponíveis na Internet, é possível reconstituir uma provável visão que nossos antepassados tiveram ao chegar ao Brasil.

O porto de Santos

 
 

 


 


 


 


Baseando-se nas ferrovias existentes ao final do século XIX, pode-se supor uma viagem de São Paulo partindo da Estação da Luz até Jundiaí, ainda pela companhia São Paulo Railway.

 


 


Para ir até Descalvado, tomava-se em Jundiaí um trem da companhia Paulista. Imagino que tanto os Zanetti quanto os Couto possam ter desembarcado nesta estação de trem, quando chegaram à cidade de Descalvado.

 


 


Ainda de Jundiaí, pela companhia Ituana, viajava-se para Indaiatuba e desta cidade para Piracicaba. De Piracicaba para Santa Maria da Serra tinha que se dispor de outro tipo de transporte, talvez carro de boi. Então, um imigrante que tivesse Piracicaba por destino, forçosamente passaria por Indaiatuba.

   

AS FAMÍLIAS E SUAS HISTÓRIAS POSSÍVEIS

( CLIQUE NO NOME DESEJADO )

 

ZANETTI

 

RODELLA 

 

BRAGGION

 

PASSINI (PASIN)

 

BRAZZI

 

COUTO