FAMÍLIA PASSINI (PASIN, PASINI)
ORIGENS
José Luiz Pasin escreveu um livro chamado Pasin Cem Anos de uma Familia Italiana no Brasil onde informa que a origem da família estaria, quem diria, na Croácia, onde, efetivamente, ainda existe nessa região,
parte da antiga Iugoslávia, uma cidade de nome Pasin. Esse era o nome de uma família de nobres que tinha um castelo na região, o qual foi arrasado
durantes invasões otomanas no início do século XVI. As ruínas do castelo
permaneceram, mas os remanescentes da família Pasin fugiram para a Morávia, na
república tcheca, que na época fazia parte do império austro-húngaro. Dali, no
século XVIII, o conde de Brandolini trouxe algumas famílias, inclusive os Pasin
para dar início ao cultivo de uva e fabricação de vinho na região de Solighetto
no Vêneto.
Tudo isso: condes, castelos incendiados e invasões soaria um
tanto suspeito, mas parece que existe documentação confiável. Pode ser que os
Pasin originários da Croácia não sejam exatamente os meus Pasin, mas Solighetto
é uma comune que fica apenas a 50 km de
lugares como San Giorgio in Bosco, Loreggia e Bassano del Grappa. Então,
dá até para imaginar ...
INFORMAÇÕES BÁSICAS
Não sei
nada de concreto sobre meu tataravô Antonio Pasin, alem do nome e que já era
falecido em 1880. Ele foi casado com Maddalena Benetti, sobre a qual as
informações são mais abundantes. Ela nasceu em Bassano del Grappa por volta de
1834, filha de Francesco Benetti e Teresa Falomba e faleceu em 17 de fevereiro de 1918 na comune de Cittatela, província de Pádua.
MADDALENA BENETTI
Sei da existência de dois filhos
de Antonio Pasin e Maddalena Benetii:
Francesco e Maria
Francesco Pasin (1860-1943) meu bisavô materno e
sua irmã Maria Pasin Anselmi (1862-1942)
Segundo
seu certificado de batismo, meu bisavô Francesco Pasin nasceu em 29 de Outubro
de 1860 na comune de Loreggia, Pádua, e foi batizado na paróquia de Purificazione della Beata Vergine Maria, em 11 de
Novembro de 1860. Foi apadrinhado por Antonio Rubinato, de Camposampiero. A grafia
do sobrenome em documentos brasileiros e argentinos: Pazini, Pasin, Passin,
Passi. A grafia Passini se fixou com os filhos.
Igreja
Purificazione della Beata Vergine Maria, Loreggia, PD.
Em
documento militar de 23 de outubro de 1880, o nome de Francesco Pasin aparece
como nascido em Loreggia, mas domiciliado em San Giorgio in Bosco. Nos
arquivos dessa ultima comune encontrei referências às mortes de duas crianças,
filhos de Maria Pasin e Onorato Anselmi: Maria Tereza com 2 anos em 3 abril de
1886 e Onorato Gerado de 8 meses, em 3 de julho de 1886. Essas mortes estariam possivelmente ligadas ao fato de Maria, a
primeira filha de Emilia e Francesco ter ficado na Itália para ser criada por
sua tia Maria Pasin Anselmi.
Francesco
foi declarado “abile” no documento militar citado, tendo 1,75 m de altura e
classificado como reservista de 3ª categoria, por ser filho único de mãe viúva.
IMIGRAÇÃO PARA O BRASIL
Ao
contrário de todos meus antepassados, não encontrei no memorial dos imigrantes
em São Paulo registro algum da entrada de Francesco Pasin no Brasil. A foto
mostrada acima foi tirada em Buenos Aires e como ele se casou relativamente
tarde aos 33 anos, parecia ter vindo da
Itália para a Argentina e só mais tarde entrado no Brasil. Isso foi confirmado
pelo registro de entrada na Argentina em 9 de Junho de 1888, vindo do porto de
Nápoles na terceira classe do navio Sud América, de um certo Francesco
Passin com 28 anos, solteiro,
profissão carpinteiro e que não sabia ler. Como a idade e a profissão conferem,
acredito ser este meu bisavô. De alguma forma, Francesco Passini entrou no
Brasil e chegou até Indaiatuba, SP, onde se casou com Emilia Brazzi em 3 de
Junho de 1893.
VIDA NO BRASIL
Francisco
trabalhava como marceneiro e era hábil entalhador em madeira, habilidade foi
transmitida aos filhos, pois vários deles estiverem envolvidos em trabalhos com
madeira. Um registro da influência dos imigrantes italianos na vida de
Indaiatuba na primeira década do século XX, cita que Francesco Passini exercia
a profissão de marceneiro.
Os
filhos homens de Emília e Francesco se dispersaram tão logo se tornaram
adultos, certamente fugindo da extrema pobreza em que viviam, partindo em busca
de melhores oportunidades ao atingirem a puberdade. A bisavó Emilia sofreu
muito com filhos, alem do drama de ter deixado sua primeira filha Maria
Maddalena na Itália.
- Mário Passini,
era líder operário das greves em Piracicaba em 1919. Foi preso várias vezes,
fazendo minha bisavó Emilia correr atrás de advogados para soltá-lo. Em 1935,
quando do fracasso da Intentona Comunista liderada por Luis Carlos Prestes foi
preso em Piracicaba e depois enviado para prisão em São Paulo.
- Desidério
Passini parece ter participado da Revolução Paulista de 1924 e até mesmo da
coluna Prestes. Ele desapareceu sem nunca mais dar notícias e não foi
localizado apesar dos esforços de minha bisavó Emília.
- O filho
Francisco, teria ido ao Rio de Janeiro com planos para viajar para Portugal, em
vista os boatos que o irmão Desidério poderia ter se exilado
naquele país. Mas este filho Francisco acabou por fixar-se no Rio de Janeiro
onde casou-se e trabalhou na Companhia Ligth. Retornou por volta de 1939 para
visitar o irmão Nazareno em Piracicaba.
Meu
bisavô Francesco Passini faleceu na casa de uma filha, longe da esposa, em São
Paulo aos 84 anos em 3 de Maio de 1943. Está enterrado no cemitério de Santana
(Chora Menino), bairro de Santana, São Paulo, SP, no mesmo túmulo que o filho
Mário.
Nazareno
Passini
Meu avô materno nasceu eu Indaiatuba em
6 de março de 1898, sendo registrado com o nome de Nazareno Vicente Paulo.
A foto fornecida gentilmente pela Fundação
Pró Memória de Indaiatuba, mostra alunos do Grupo Escolar de Indaiatuba em
1909 ou 1910. Nela a identificação de Desidério Passini é certa. A possível
identificação de meu avô Nazareno foi baseada apenas em traços fisionômicos e
subjetividade. Da mesma forma tentou-se identificar mais um possível irmão, Mário
Passini.
Meus avós Nazareno e Etelvina se conheceram
na Fazenda Paraíso, então município de Piracicaba, SP, e se casaram em
Piracicaba no dia 22 de Março de 1923
O avô Nazareno Passini (1898-1939), a avô Etelvina
Couto (1906-1977) grávida de minha mãe Dalva. A tia Elza e o tio Oscar, o qual
faleceria logo após minha mãe nascer. Foto de fins de 1926
Nazareno
Passini, provavelmente pouco antes de sua morte em 1939
Nazareno
era pedreiro de profissão. Trabalhou na Usina Monte Alegre, onde minha mãe
nasceu e depois no Engenho Central. Era uma pessoa severa e normalmente séria.
Torcia para o XV de Novembro de Piracicaba e gostava de pescar no Rio
Piracicaba. Morreu de tifo em 23 de Setembro de 1939, deixando minha avó viúva
aos 35 anos com 6 filhos para criar: a mais velha com 15 e a mais nova com 1
ano. Entre eles minha mãe, Dalva, com 12 anos.
Foto de minha mãe Dalva, com carimbo do
Juizado de Menores, tirada para trabalhar na Fábrica de Tecidos Boyes,
pouco depois da morte de meu avô Nazareno. Nos documentos a idade dela foi
aumentada com ajuda do tabelião, que conhecia a situação da família.
Minha mãe Dalva Passini
(foto de 1942 ?)